segunda-feira, 20 de julho de 2015

ADAPTAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE DE ENSINO/APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA USANDO COMPUTADORES

ADAPTAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE ATIVIDADE DE ENSINO/APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA USANDO COMPUTADORES

Por Eliana de Castro Neves Carvalho


Sou professora formada na área de Ciências da Natureza.
Estou fazendo o curso Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio e o caderno que me motivou a escrever esta situação de aprendizagem foi o caderno 5 de matemática.
Neste caderno temos uma sugestão de leitura do artigo Por que se ensina Matemática? De autoria do professor Ubiratam D’Ambrósio.
Abaixo transcrevo alguns fragmentos do artigo que me fizeram pensar muito e me motivaram a escrever esta situação de aprendizagem.

“QUESTÃO: Reflita sobre quantas vezes num dia você utiliza uma calculadora ou algum instrumento que se assemelha a uma calculadora [telefone, celular, computador, controle remoto, painel de elevador, e tantos outros].”
“... Mas não adianta ensinar bem, pois os alunos não se interessam por isso. A não ser se fizéssemos a matemática como história da cultura...”
“Ao descrever, através de desenho, a sua pessoa e a sua casa, a criança toma consciência dos numerais e da sua importância na vida do homem como, por exemplo: endereço, dinheiro, medida, etc. (p.35). Esse é um exemplo da assimilação dos instrumentos comunicativos.”

Partindo dessa leitura passei a refletir sobre como organizar aulas de matemática com utilização, de pelo menos uma diferente estratégia de ensino, mas  não sozinha, em grupo.
Imagine como é necessário e como é estimulado, o pensamento matemático, quando se aprende a utilizar um computador.
Criar uma apresentação em PowerPoint, fazer postagens no whatsApp , no facebook utilizar imagens, formatar a capa para um trabalho usando o computador, inserindo imagens, formas, molduras...
Este é a realidade atual do aluno, a qual ele está inserido e se não está, será o futuro analfabeto digital.
A matemática que ele precisa não precisa atender essa nova realidade?
Ousei me apropriar dessa proposta que encontrei na internet para trabalhar de forma interdisciplinar com os componentes curriculares da área de Ciências da Natureza.
Além do entrosamento dos professores da área que podem trocar ideias, criar outras atividades, pensei na utilização de uma ferramenta diferente que é o uso do computador.
Acredito que a partir dessas pequenas ações, devagarinho, poderemos modificar a forma de trabalhar a matemática em sala de aula além de fomentar a necessidade de aperfeiçoamento constante da prática pedagógica e de aperfeiçoamento profissional.
Os alunos também terão oportunidade de interagir com o computador de forma diferente usando o excel.
Aulas que envolvem uma saída da sala de aula e deslocamento do aluno precisam ser bem planejadas e demandam um tempo maior que pode ser disponibilizado com o trabalho conjunto de componentes afins que tenham aulas seguidas em uma mesma sala.
Esta é uma atividade que procurei adaptar para que possa ser utilizada, de forma simples, por professores da área de Ciências da Natureza.
Esta forma como descrevo esta situação de aprendizagem não é formal e faltam alguns elementos que oportunamente poderão ser mais bem organizados. Diria que é apenas um ensaio e uma experiência que vou realizar como uma semente que se planta e  se espera que frutifique.
Pensei em materiais comuns e na falta das pipetas graduadas poderíamos pensar nos medidores de volume que compramos para a cozinha em qualquer supermercado ou loja de utensílios de cozinha. Neste caso para verificação de variação de volume da água teria que usar objetos maiores ( maior volume).
Também penso em propor a discussão sobre a escolha do material a ser “pesado”.
O fortalecimento da equipe de Ciências da Natureza através do envolvimento na realização desta proposta de trabalho é importante. A pesquisa, as dúvidas, as escolhas e principalmente a discussão sobre a melhor forma de realização das atividades vai proporcionar a professores e alunos oportunidade de aprendizagem.
O professor precisa aprender a sistematizar suas boas ideias de trabalho pedagógico. Nosso grupo de professores vai se reunir previamente justamente para estruturarmos esta situação de aprendizagem.
A dificuldade e as notas obtidas pelos alunos nos componentes curriculares das Ciências da Natureza, justificam nosso esforço em procurar criar novas  situações de aprendizagem, utilizando mais recursos e focando a metacognição, aprender a aprender.

ALGUMAS PROPOSTAS DE ATIVIDADES DE ENSINO/APRENDIZAGEM DA MATEMÁTICA, FÍSICA OU QUÍMICA USANDO COMPUTADORES

O computador é, fundamentalmente, um instrumento de apoio à (re) descoberta de conceitos e à resolução de problemas.
Vamos usar o Excel. Trabalhar cálculo numérico.

 Aprendizagem por descoberta

Conceito: Proporcionalidade direta.
O objetivo específico que se pretende que os alunos atinjam é: compreender a proporcionalidade direta (conceito matemático).
Para a aprendizagem deste conceito será utilizada uma atividade de manipulação e medição de objetos concretos, objetos físicos (pedaços de ferro); a segunda sobre objetos geométricos (retângulos). Trata-se, em ambos os casos, de uma metodologia ativa de aprendizagem por descoberta.

 Começando a atividade:

Objetivos
1. Relacionar numericamente massa e volume de ?;
2. Conjecturar, e testar as conjecturas, sobre a relação entre massa(g) e Volume (cm3) de cada ?;
3. Descobrir a invariância da relação massa(g)/Volume(cm³), (densidade), em ?.
Materiais
? por aluno;
Recipiente graduado e água;
1 balança com precisão ao decigrama, por grupo;
1 computador, por grupo.
OBS : este ponto de interrogação que usei significa que nosso grupo de professores ainda não escolheu o material que será utilizado na realização do experimento. Outro ponto importante: a equipe de professores pensa em usar materiais e equipamentos do nosso dia-a-dia e não de laboratório, com exceção da balança, para não prejudicar muito os resultados ( pensando em termos de precisão de medidas).

Metodologia
Cada grupo de 3 à 4 alunos mede o volume e  pesa  ?. Registrando em uma tabela.
Depois se constrói outra tabela, única, com os resultados de todos os grupos, no caderno de cada um.
Para cada componente curricular abre-se um novo leque de possibilidades para trabalhar a abstração do aluno e sua metacognição.

Em Física: qual a diferença entre massa e peso? A tabela tem o peso em gramas. Está correto ou deveria ser gramas –força?
Esta discussão, mais exemplos e exercícios envolvendo unidades de medida de massa e peso tem previsão para duas aulas.

Em Química : temos a questão do material que será “pesado”. Pode ser qualquer um?
Entramos então com a discussão de substância pura e mistura. Como verificar a densidade de uma substância pura ? E de uma mistura?
O objeto deve ser grande ou pequeno, leve ou pesado, deve ter forma específica?
Se as sugestões partirem dos alunos é mais um fator de aprendizagem porque mitos podem sugerir barras de ferro em pedaços.
Entra aí o fator pesquisa. O ferro vendido nas lojas de material de construção é puro, como descobrir sua composição? Como o ferro é extraído da natureza.
Conduzir esta discussão pode levar a vários caminhos, mas sem dúvida todos eles vão levar a aprendizagem, tanto de conteúdos acadêmicos como o desenvolvimento de habilidades.

Em Matemática: a provocação de novas ideias pode ficar por conta da medida do volume.
Como medir o volume do objeto escolhido para realizar os experimentos? Que tipo de recipiente pode ser utilizado? Que unidades de medida são as mais adequadas em relação ao experimento proposto?
Discute-se a existência, ou não, de uma relação numérica comum a todos os pares de valores massa(g), Volume (cm³).
Registam-se as várias conjecturas sobre a natureza dessa relação, ou seja, o que significa esta relação?
 Os valores das colunas A (massa) e B (Volume) são escritos no excel formando uma tabela ficando registrados os resultados das medições de todos os grupos.
Os valores da coluna C (massa ÷Vol.) obtêm-se em 2 etapas:
· em primeiro lugar, na célula C6 escreve-se a fórmula +A6+B6;
 · em seguida, copia-se essa fórmula para as células C7 a C19.
Exemplo:

Observação : utilizaremos?( o material ainda não foi definido ).
Por causa da cópia, as fórmulas passarão a ser, respectivamente, +A7+B7 na célula C7, +A8+B8 na célula C8, +A9+B9 na célula C9, etc..
O comando Copy está situado no menu Edit.
Os valores das colunas D (massa-Vol), E (massa*Vol) e F (massa/Vol) obtêm-se de forma análoga, mudando apenas as células iniciais (D6, E6 e F6, respectivamente) e as fórmulas (+A6-B6, +A6*B6 e +A6/B6, respectivamente), e copiando cada fórmula para as restantes células da coluna respectiva.
Com esta atividade os alunos têm contato, num nível concreto e manipulativo, com os conceitos de proporcionalidade direta e de constante de proporcionalidade.
Para que a passagem à fase de abstração seja bem sucedida, é necessário que todas as consequências relevantes do conceito discutido, sejam exploradas.
Deve ficar interiorizado, por exemplo, que o massa(g) e o Volume(cm³ ) de ?, são grandezas diretamente proporcionais porque é sempre constante a razão massa(g) / Volume(cm³ ), chamado aqui de invariância, em cada um desse ? ; que se pode obter o valor numérico da massa(g) de qualquer pedaço a partir do seu Volume(cm³ ), multiplicando este pela constante obtida.
Os alunos devem ser encorajados a pensar mais até chegarem a conclusões do tipo:



A razão Volume (cm³) / massa(g) de ? também é constante e tem valor igual ao inverso aritmético da constante encontrada para a razão massa(g) / Volume (cm³). Logo, o Volume (cm³) também é proporcional à massa(g), e pode encontrar-se o valor numérico do Volume (cm³) de qualquer pedaço a partir de sua massa(g), multiplicando este pela constante.


Bibliografia:

- Manuel Luís Catela Borrões - O COMPUTADOR NA EDUCAÇÃO MATEMÁTICA – 1998

Anexos:
                                            

                      

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